quinta-feira, 2 de setembro de 2010

Ilhas Marshall, um país injustiçado pelos EUA

As Ilhas Marshall, oficialmente República das Ilhas Marshall, são um país-arquipélago na Região da Micronésia, na Oceania. Possui fronteiras marítimas com a Ilha Wake (território dos EUA) a norte; Kiribati ao sul e Micronésia a oeste. Pouco se sabe da história primitiva das ilhas, mas sabe-se que elas sempre foram habitadas por povos polinésios desde o segundo milênio a.C.

A capital do país é Dalap Uliga-Darrit, cidade que ocupa a Ilha de Dalap Uliga-Darrit. A capital até 2002 era Majuro, e Dalap Uliga-Darrit foi projetada para ser a nova capital, assim como Brasília. A nova capital foi construída sob uma pequena vila na Ilha de Dalap Uliga-Darrit. As línguas oficiais do país são o inglês e o marshallês, sendo o inglês a língua da comunicação pública, e língua materna de 3% da população, e o marshallês é a língua nacional. O país é composto por 29 atóis e 8 ilhas, totalizando 37 ínsulas, sendo 33 habitadas hoje.

O espanhol Alonso de Salazar foi o primeiro europeu a pisar nas ilhas, mas elas só seriam colonizadas pelo Reino Unido, após a visita da tropa de John Marshall às ilhas. John Marshall nomeou as Ilhas Marshall. Por meio de acordos, as Ilhas Marshall foram incorporadas à colônia da Nova Guiné Alemã, atual Papua Nova Guiné. Apesar de Marshall ser parte integrante de um território alemão, na prática, o Reino Unido tinha poder sobre as Ilhas, que tinham o estatuto de possessão tutelar britânica sob império alemão, sendo assim imposta a língua inglesa como oficial, nativa e de ensino, e a língua alemã, apenas língua de ensino.

A paz das Ilhas Marshall estava com os dias contados. Durante a I Guerra Mundial, o Japão invadiu as Ilhas Marshall e estas serviram de entreposto entre Japão e Estados Unidos, e consequentemente, o Japão violou os poderes britânico e alemão sobre as ilhas, e tomou as Ilhas Marshall que passaram a ser território japonês, e por conseguinte se separou da Nova Guiné Alemã. Com o fim da guerra, a Alemanha perdeu todos os seus territórios e teve de entregá-los à Reino Unido, França, Bélgica e Austrália. As Ilhas Marshall passaram a ser totalmente um território americano, diante do sucesso americano diante da I Guerra. Mas, com a II Guera, a paz nunca mais reinou nas Ilhas. Os EUA, sempre com sua política de invasão aos outros países, invadiu o Kiribati. A partir de tal invasão surgiu o Movimento Kiribatiano de Independência (MKI), o primeiro movimento independentista da Oceania após as independências australiana e neozelandesa. O MKI inspirou outros movimentos de independência em alguns países até então sem movimentos independentistas, e a partir daí, surgiu a Campanha de Libertação das Ilhas Marshall, com apoio das potências oceânicas Austrália e Nova Zelândia. Posteriormente, todas as ilhas do Pacífico formaram um único território, o Território Fiduciário do Pacífico, sob administração americana. Graças à política invasora dos EUA, várias ilhas desse território serviram de locais de testes nucleares. Talvez as Ilhas Marshall são as que mais sofreram, por ter várias de suas ilhas e atóis desabitados devido aos altos índices de radiação que perduram até hoje. Os atóis Bikini, Taongi, Martak e a ilha de Knox são desabitados hoje devido à radiação. Após a independência em 1979, as Ilhas Marshall assinou um contrato de livre associação com os EUA, e que só vigorou em 1986. Tal acordo concedeu às ilhas a independência e o direito de cobrar indenizações dos EUA por conta dos danos ao país, mas também coloca a defesa e as relações exteriores sob responsabilidade dos EUA. Foi o acordo feito para a independência marshallesa.

As Ilhas Marshall são uma república parlamentarista em livre associação com os EUA. O parlamente é de 33 membros, sendo 30 eleitos pelos marshalleses e 3 indicados pelo governo dos EUA. As eleições são realizadas de 4 em 4 anos. Os EUA instituíram um programa social de assistência às Ilhas Marshall.

No que diz respeito à divisão administrativa, a única divisão das Ilhas Marshall são os municípios. O país é dividido em 33 municípios, correspondentes às ilhas e atóis habitados. Os desabitados são distritos municipais integrados à algum município próximo. Até 2002, eram 31 municípios, e passaram a ser 33 após a inclusão da nova capital, Dalap Uliga-Darrit, e de Rongelap. O atol de Rongelap, vizinho do desabitado Bikini, foi afetado pela chuva radioativa durante os testes. Em 2000, o Programa Social Americano de Assistência às Ilhas Marshall bancou US$2,6 bilhões para a recolonização de Rongelap, que hoje tem uma pequena vila de 19 habitantes, e é o menor município das Ilhas Marshall e do mundo inteiro. A maior cidade é a "ex-capital", Majuro, e a segunda maior, Ebeye. 2/3 da população do país vive em Majuro e em Ebeye.

A economia do país depende quase totalmente da ajuda americana. O governo marshallês emprestou 10% do atol-cidade Kwajalein, o maior atol do mundo ao exército americano, e tal empréstimo representa 25% da receita econômica do país. As outras doações americanas correspondem a 15%. Os outros 60% correspondem às exportações agrícolas, sendo os três produtos agrícolas mais exportados côco, melão e fruta-pão. A pesca representa 9% do PIB do país, e o turismo, 30%, sendo a maior fonte de renda do país, devido a seu cenário paradisíaco, praias de areia branca e as lagoas naturais dentro dos atóis. As exportações de pérolas e artesanato em conchas representa 13% do PIB, devido à riqueza de ostras peroladas facilmente encontradas à beira-mar no país. A desabitada ilha de Knox é reservada à exploração de ostras peroladas. A moeda é o dólar americano, assim como a maioria dos países oceânicos. Os únicos países oceânicos a não usar o dólar americano são Tuvalu, Nauru e Austrália, usando o dólar australiano, e Tonga, Samoa e Papua Nova Guiné, que possuem moeda própria.

O IDH do país é 0,563 (médio), a esperança de vida é de 71 anos (quase igualando aos 72 do Brasil), e sua qualidade de vida é nível 3, igual à do Brasil.